A Casa Pia de Lisboa faz 229 anos

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[Imagem: escultor Helder Batista
in Mémórias de um casapiano, Augusto Poiares
Jornal « O Casapiano »]

 

Quase trinta anos que voltei as costas àquela que o escritor e político, Latino Coelho chamava a Universidade Plebeia.  Quase trinta anos que, todos os anos, a nostalgia de um tempo ido, me traz sempre o mesmo nó à garganta.

Guardo da minha infância planícies de solidão e ausências de afectos, próprias àqueles que conheceram uma infância vivida na ausência dos pais

Contudo, a estas imagens veio, com o tempo, misturar-se o orgulho ter pertencido a uma das mais nobres escolas do país. Foi là que aprendi os valores de solidariedade, de tolerância e de respeito da diferença, que ainda hoje guiam a minha conduta. Uma escola onde a fraternidade não era uma palavra morta.

E mesmo se a vida sempre me levou para horizontes longinquos e nunca tenha participado nem a encontros nem a jantares de ex-alunos, não é menos verdade que longe da vista mas pertinho do coração que bate sempre com mais força, cada vez que oiço o nome daquela que me preparou para a vida.

E logo me surgem imagens da infância. Com a mesma brutalidade que a fúria do mar, nas manhãs de inverno…

Recentemente, e após um tão mediático caso de pedofilia, a Casa Pia de Lisboa, conheceu um período assaz difícil que foi (e continua a sê-lo) tratado, na sua grande maioria,  com a estupidez própria ao sensasionalismo jornalístico. Muito foi dito. Por muitos. Com a frequência própria aos ignorants que mais não procuram que ouvir o estalar do chicote das suas própias palavras sem, no entanto, se preocuparem, de facto, com a verdade.

A sua boa consciencia jornalística esquece que a pedofilia não é um fenómeno ligado às instituições, mas sim à sociedade à qual, de resto, eles também partencem. A maior parte desses jornalistas, ignora que a Casa Pia de Lisboa é bem mais do que uma mera instituição fechada entre quatro muros de cimento. Antes pelo contrário, a Casa Pia sempre foi uma instituição aberta ao mundo.

A Casa Pia são milhões de homens e mulheres. Pais, avós, filhos e netos, espalhados pelo mundo. A Casa Pia sou eu, é outro.  Aquele que não conheço, mas que é irmão da minha infância.
É esta certeza de nos reconhecermos e de falarmos as mesmas palavras, chorarmos as mesmas lágrimas e rirmos as mesmas gargalhadas, mesmo quando alguns anos separam a nossa passagem pela instituição.

E estou convicto que como eu, tantos irmãos da minha infância sofrem em silêncio tanta estupidez, fruto de um sensacionalismo estéril onde abundam rios de palavras, inúteis e gratuitas. 

Hoje, a Casa Pia de Lisboa comemora os seus 229 anos de existência.

Revejo-me uma vez mais. Como todos os anos e já lá vão praticamente trinta anos. Penso à tantos outros, irmãos da minha infância. Companheiros de recreio. Amigos de viagem. Que lhes terá reservado o tempo passado na selva da existência?

Penso e rejevo imagens longinquas e esboço um sorriso.

Todas as minhas recordações de infância nascem e morrem na Casa Pia de Lisboa. Todos os meus primeiros sonhos de vida nasceram na Casa Pia de Lisboa.  O homem que hoje sou nasceu na Casa Pia de Lisboa. E onde me encontre a Casa Pia está sempre no meu coração.  E sinto orgulho nisso.

Que a festa seja bela.

 

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À propos de dubleudansmesnuages

Je laisserai vagabonder mon esprit nomade, sur le fil d'or de mes silences, pour vous parler des ces choses qui me maintiennent en équilibre. Je vous parlerai aussi des musiques que j'aime. Elles se promènent du Fado d'Amália, de Dulce Pontes, de Cristina Branco, de Mariza, jusqu'aux voix frissonantes de Diana Krall, de Stacey Kent, de Chiara Civello, de Karrin Allyson, de Stina Nordenstam, de Robin McKelle, de Sophie Milman, d'Emilie-Claire Barlow, et d'encore plein d'autres … Aznavour, Brel, Duteil, Art Mengo, Berliner, Cabrel, Balavoine, Julien Clerc, Fugain, Le Forestier, Goldman, Lama, Rapsat, Vassiliu, Daniel Seff, Peyrac et tous ceux que m’on fait aimer la chanson française. Je me perdrai certains soirs dans le paradis de la musique brésilienne : Eliane Elias, Astrud Gilbert, Gal Costa, Elis Regina, Bia, Bebel Gilberto, Maria Creuza, Nara Leão, Jobim, Vinicius, Buarque, Toquinho, Djavan … Il y aura des moments où je vous parlerai d'une des chansons de ceux que j'affectionne. Donovan, Leonard Cohen, The Doors, Tracy Chapman, The Scorpions, Dylan, Lennon ou McCartney (avec ou sans les Beatles), ou de voix d'or comme Sarah Brightman, Ana Torroja, ou Teresa Salgueiro. Puis, parfois, je me promènerai sans but précis entre Piazzolla et Lluis Llach, de Mayte Martin à Gigliolla Cinquetti ou Paolo Conte, de Chavella Vargas à Souad Massi en passant par Gabriel Yacoub. Parce que la musique n’a aucune frontière. La musique ne connait que des sensibilités. Des sonorités. Des larmes ou des sourires. Je vous déposerai ici l'une ou l'autre de mes photos. Les moins ratées. Je vous laisserai un peu de poésie. Des poètes portugais. Que j'aime. Infiniment. Et puis tous les autres dont les textes me touchent. Je ne vous parlerai que des gens que j’aime. Et puis un peu de moi. Si peu. Et puis, si j'ai le temps. Seulement si j'ai le temps, je vous parlerai d'autres choses. Plus intimes.
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3 réponses à A Casa Pia de Lisboa faz 229 anos

  1. Rui Alves dit :

    Formei um grupo no Facebook chamado Casa Pia de Lisboa, com o objectivo de unir todos os casapianos por este mundo fora, como eu e tu, já somos 300 membros.

    Saudações gansiadas
    Rui Alves

  2. Nostalgia é certo. Tristeza, às vezes. Mas daquele com um sorriso nos lábios para disfarçar. Shutt. Não disse nada.

  3. popelina dit :

    Há por aí nostalgia e tristeza, certo?
    um grande abraço Armando.

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